Thursday, July 03, 2008

Fanatismo é insuportável

Quem me conhece um pouco, sabe que uma das coisas que mais odeio é futebol. Não o esporte em si, este eu apenas desprezo. Estou me referindo ao futebolismo, esse fanatismo torpe de todo brasileiro que se preze. Definitivamente há poucas coisas que me deixam mais irritado do que essa "alegria futebolística" brasileira.

Exemplo: Na academia onde treino diariamente, há um infeliz que comparece toda noite para encher o ouvido alheio com aquele papo entediante e insuportável sobre futebol. O cara não malha, atrapalha os outros e ainda fala alto - aliás diga-se de passagem falar baixo e falar de futebol são duas coisas que não combinam. Passa a noite provocando os outros - também futebolistas - e falando compulsivamente de primeira divisão, segunda divisão e o cacete a quatro. Confesso que já experimentei a doce vontade de encher a boca do cara com umas anilhas de 10kg ou o impulso irresistível de lançá-lo janela a fora voando direto para o estádio ao lado da academia. Mas vontade dá e passa, infelizmente. Este tipo é um daqueles entre milhões de brasileiros que respira futebol e que se julga técnico: Tem sempre a melhor estratégia para fazer a porra do time vencer. Isso soa familiar?

Pois bem, é o mesmo tipo que berra palavrão da janela e faz um esporro insuportável quando é dia de jogo, não importa a hora. É o tipo que acorda minha filha pequena com fogos e berros às 23h de uma terça-feira. Um tipo que eu teria um prazer quase orgástico em ver caindo do 12º andar do meu prédio num dia como esse. Contudo, essa falta de respeito e de educação é estranhamente tida pela nossa sociedade como uma característica saudável do nosso povo, ou seja, a eterna paixão pelo futebol, um universo sem limites e sem censura, onde tudo é permitido. O errado passa a ser aquele que está apenas tentando relaxar após um exaustivo dia de trabalho e não consegue por motivos óbvios. Aqui no Brasil é preciso pedir desculpas por não ser um macaco ou um selvagem sem cérebro, principalmente nestes dias sacais.

Analogamente aqui ao lado do meu edifício também existe uma igreja. Uma daquelas milhóes de igrejas do ramo pentecostal: a Metodista Wesleyana, uma seita evangélica iniciada por um infeliz anglicano chamado John Wesley, na Inglaterra de 1790. Quase todos os dias da semana, incluindo os sábados e domingos às 8:00 da manhã, sou acordado com cantorias desafinadas e mal tocadas, ou com os berros do pastor expulsando o demônio do corpo de algum pobre coitado. Quando tem festa no pátio da igreja, os crentes soltam morteiros debaixo da minha janela sem nenhum tipo de pudor.
Já tive vontade de berrar num megafone na cara dessa gente fraca, de mente manipulada, que também sou filho de Deus, e por isso mereço sossego, cacete! Mas vontade dá e passa, infelizmente.
Entretanto eu garanto que se eu resolvo comprar uma briga com essa gente, certamente teria o respaldo de quase todo mundo, que já está de saco cheio de tanta barulheira.

Aí vem o paradoxo da coisa: Por que é que no Brasil os evangélicos são antipatizados, considerados tão invasivos, desrespeitosos, fanáticos e são fortemente combatidos enquanto em relação aos nossos inocentes patrícios torcedores tudo isso é sonegado, sendo que os dois grupos têm rigorosamente as mesmas práticas fanáticas e selvagens?

Fanáticos são todos iguais: insuportávelmente irritantes. A única diferença é que aos domingos uns vão rezar no Maracnã e os outros torcer na igreja.

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