Thursday, July 10, 2008

Carioca É, antes de tudo.

Outro dia viajei para a região serrana do Rio a fim de descansar e dar uma revigorada a base de cachoeira, mountain bike e silêncio. Esses lugares me fazem muito bem, principalmente quando estão vazios. A única poluição e barulho nesses locais geralmente fica a cargo dos paulistas, uma gente que não sabe andar a pé e ficar de boca calada. Então quando numa trilha de terra, no meio do verde silencioso e perfumado você quase for atropelado por um carro com um som às alturas, pode estar certo que é um representante de São Paulo.

Mas nem só de paulistas se faz uma situação irritante num lugar desses. O carioca também tem suas manias toscas, e as leva para onde vai. Falo especialmente da mania do "surrasco". Aonde quer que vá, não importa com quem nem onde, não importa o espaço e nem a quantidade de pessoas por perto, o carioca monta sua trincheirinha de queimar carne e começa a jogar fumaça e gordura na cara de todo mundo. Mas não é só a fumaça gordurosa: se não tivesse o pagodinho e a TV portátil para ver o futebol às alturas, e urrando feito um macaco - o que faz tremer sempre aquela barriga imensa e indecente que este tipo de carioca ostenta sem nenhum pudor - o espetáculo irritante não ia ficar completo. E as suas senhouras sempre com um cigarrinho numa mão e o copinho de skol na outra, rebolando levemente as celulites fazem o espetáculo ainda mais horroroso.

Pois bem, num lugar tão reservado como o que eu estava, surgiu um tipinho como o que eu descrevi acima, o carioca típico. Veio pela trilha com seu isopor, chegou na margem do rio onde estávamos e começou o ritual. Em alguns minutos já estava tudo empesteado de fumaça e gordura, o pagode rolando num micro system, o cigarro e a skolzinha. Isso tudo sem ao menos pedir licença. O recanto nas montanhas se transformou no inferno da periferia. Fui embora.

Acho que o carioca nunca vai descobrir um meio de se divertir e relaxar sem ter que acender a merda de uma churrasqueira debaixo do seu nariz, e encher a cara de skol.

Carioca não sabe que existe vida além de carnaval, churrasco e cerveja.

2 comments:

Stefano di Pastena said...

Boa, André.

Acabo de conhecer teu blog. Parabéns pelos temas e pelas chineladas.

Apesar de meu nome & ascendência flagrantemente holandeses, também faço parte da grande família brasileira, essa gentinha ordinária, vulgar, ignorante e, fosse pouco, metida a besta. O lado ruim, eu nem vou falar.

Abração

(o muçulmeca do post anterior é a cara do Islamic RageBoy, um personagem - verídico - do sensacional www.thenoseonyourface.com; se você ainda não conhece, vale a dica.)

Anonymous said...

Concordo. Um paiseco de imbecis, onde o ordinário sente orgulho de ser ordinário.