Thursday, August 17, 2006

A verdade sobre Stuart Angel

Grande artigo. Muito se deve saber sobre quem foi Stuart Angel e o que há por trás de sua morte. Apesar de longo vale muito a pena ser lido.
Escrito pela jornalista Christina Fontenelle.
(transcrito do blog Nadando Contra a Maré Vermelha).

Efeito Bumerangue
por Christina Fontenelle

Há duas semanas temos assistido à propaganda intermitente do mais novo lançamento do cinema nacional: Zuzu Angel, com Direção de Sérgio Rezende e Produção Joaquim Vaz de Carvalho. Eu já li dezenas de reportagens sobre o filme, sobre a vida da estilista Zuzu Angel e sobre a prisão e morte de seu filho, Stuart Edgar Angel Jones. Igualmente assisti a mais uma dezena de entrevistas concedidas pelos atores do filme, em trabalho rotineiro de divulgação. Em nenhuma dessas oportunidades eu li, vi ou ouvi absolutamente nada sobre o envolvimento de Stuart Angel com grupos terroristas que praticavam toda a espécie de crimes para fazer a "revolução comunista" no Brasil.

Os próprios terroristas, hoje anistiados e muitos deles no Congresso Nacional, admitem publicamente que não lutavam pela liberdade e nem pela democracia, mas pela revolução. Hoje em dia, nem mais novidade isso representa. Mas, nos discursos de divulgação do filme Zuzu Angel, essa verdade é sumariamente omitida. O filho da estilista, Stuart Angel, era um terrorista, membro do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), cujo nome faz referência à data em que o guerrilheiro Che Guevara foi capturado pela CIA. O grupo, formado por dissidentes do Partido Comunista Brasileiro do antigo Estado da Guanabara, passou a utilizar este nome depois da execução do seqüestro do embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969 – operação que foi realizada em conjunto com outro grupo terrorista, a Ação Libertadora Nacional (ALN).

O episódio do seqüestro do embaixador norte-americano é emblemático porque foi a partir do êxito dessa operação que os terroristas brasileiros passaram a se utilizar dessa modalidade de crime – hoje considerada pela Constituição Brasileira como crime hediondo – para alcançar alguns de seus objetivos. A idéia de seqüestrar o embaixador americano foi do guerrilheiro Franklin Martins (esse mesmo que hoje é comentarista político da BAND), que participou da ação dirigindo um dos carros envolvidos na operação (se não me engano, um volks azul) e escrevendo o texto do comunicado que foi deixado no carro oficial do diplomata seqüestrado, onde se lia que o seqüestro era um ato revolucionário e que o embaixador americano era representante dos " interesses espoliativos norte-americanos no Brasil". No "bilhete", os guerrilheiros também exigiam a libertação de 15 companheiros que se encontravam presos e ainda que se fizesse a publicação ou a leitura daquela mensagem nos principais jornais, rádios e estações de TV do país.

Como se pode observar em ações terroristas que acontecem ainda hoje no mundo, principalmente na região do Oriente Médio, a estratégia de seqüestrar pessoas para conseguir desde dinheiro a espaço na mídia não é nenhuma novidade. Novidade mesmo foi essa prática ter voltado ao cenário das ocorrências criminais no Brasil, pelas mãos do mais recentemente conhecido grupo terrorista brasileiro – o PCC. Grupo este, aliás, do qual se suspeita fazerem parte militantes das Farc, do Hezbollah e da Al-Qaeda, bem como também agentes dos serviços secretos de Cuba e da Rússia. Além destes, há hipóteses levantadas a partir de investigações que estão em andamento na Polícia Federal e no Ministério Público do envolvimento do PCC com o Movimento dos Sem Terra (MST), com o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e até com o Partido dos Trabalhadores (PT).

Guilherme de Azevedo Portanova e Alexandre Coelho Calado, respectivamente repórter e auxiliar técnico da TV Globo, foram seqüestrados na manhã de sábado (12/08) na zona sul de São Paulo. O técnico Calado foi libertado na madrugada de domingo, para levar um DVD que deveria ser exibido pela TV Globo como condição para a libertação do repórter.

Em nota divulgada à imprensa, a Rede Globo informou ter sido orientada pela coordenadora do Insi (International News Safety Institute) na América Latina, Luiza Rangel (de Caracas, na Venezuela), a ceder. A emissora também consultou Tim Crocket, chefe do escritório de Atlanta do The AKE Group, uma empresa especializada em gestão de riscos e segurança. Ele deu a mesma orientação que Luiza Rangel e recomendou que a emissora entrasse em contato ainda com Tom O'Neil, consultor do escritório no Líbano e especializado neste tipo de ação. Ele também repetiu as mesmas recomendações. Foi assim que, depois de comunicar o ocorrido e de mostrar o conteúdo do DVD à polícia de SP, a Globo decidiu divulgar o vídeo, somente para o Estado de SP, à 0:28h de domingo (13/08), no intervalo do "Supercine" que costuma atingir mais de dez pontos no Ibope, na Grande São Paulo, o que equivale a mais de 550 mil domicílios. À noite, a emissora exibiu parte do manifesto no "Fantástico".

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, tentou evitar que a Rede Globo exibisse o vídeo com o manifesto do PCC. O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, coordenador do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), também defendeu a não exibição da fita, argumentando que a exibição abriria um precedente arriscado. Pela sugestão dos policiais, a ação da Globo deveria seguir a negociação de um seqüestro convencional: 1) procurar não ceder "facilmente" às exigências dos seqüestradores e 2) exigir uma prova de que o repórter estivesse vivo. O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse que a ação demonstra uma " ousadia inaceitável" por parte do crime e considerou "correta" a decisão da Globo de cumprir a exigência feita pelos seqüestradores.

Nas imagens exibidas, um suposto integrante do PCC faz críticas ao sistema penitenciário, pedindo um mutirão para revisão de penas (por causa de presos que já cumpriram a pena mas ainda continuam na carceragem), melhores condições carcerárias, e se posicionando contra o RDD, que impõe regras mais rígidas aos presos. A Globo cortou a introdução na qual eram mostradas armas de guerra, dinamites, granadas e coquetéis molotov. Parte do comunicado repete quase na íntegra trechos de parecer do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça, de abril de 2003, que apontava aquilo que considerava ilegalidades do RDD.

Um DVD com o mesmo conteúdo havia sido enviado ao jornal Folha de SP, na quarta-feira (9), que relatou parte do conteúdo em reportagem publicada na quinta-feira (10). Ainda uma outra cópia foi jogada, na sexta-feira (11), no estacionamento do SBT, que encaminhou uma cópia ao Ministério Público.

O repórter Guilherme Portanova foi deixado numa rua do Morumbi (zona oeste de São Paulo), no final da noite de domingo e chegou à sede da TV Globo, por volta da 1h. Ele disse que permaneceu o tempo todo encapuzado, que não foi agredido nem ameaçado de morte pelos seqüestradores e que foi alimentado durante todo o tempo em que permaneceu no cativeiro.

Duas coisas precisam ficar bem claras antes de completar o meu raciocínio a respeito da relação entre o filme sobre Zuzu Angel, o seqüestro dos dois funcionários da TV Globo e a incoerente postura desta emissora.

Primeiro
As dores de mãe (e elas são muitas e pelos mais diversos motivos) estão acima de qualquer discussão e de qualquer julgamento, mesmo que se suponham razões para as suas reações em relação a atitudes de seus filhos ou a acontecimentos que os tenha vitimado. Desse modo, fazer um filme para contar a agonia de uma mãe em busca de um filho desaparecido – seu desespero, suas dúvidas, suas culpas, seu infortúnio -, ainda que possa ter um componente de sadismo, tem seu valor, na medida em que leva outras pessoas a refletir, entre outras coisas, sobre suas atitudes em relação a seus próprios filhos. Provocar reflexões é uma das belas funções da arte. Aproveitar-se, entretanto, da desgraça alheia para convertê-la em instrumento de manipulação ideológica é hediondo. E é isso que os comunistas fizeram e continuam fazendo com a estória da estilista Zuzu Angel.

A estilista, ainda menina, foi morar com os tios em Belo Horizonte. Lá conheceu o caixeiro viajante, Norman Angel Jones, com quem se casou e teve três filhos: Stuart, Hildegard e Ana. Stuart nasceu em 1946, quando a família morava em Salavdor (BA). Em 1947, mudaram-se todos para o Rio de janeiro. Separada do marido, numa época em que separação era tabu e costumava ser muito traumática para os filhos, Zuzu trabalhava muito como costureira para sustentá-los – muito trabalho e pouco tempo para eles. Em 1960 já era famosa e costurava para gente famosa do Brasil e dos EUA, onde fazia desfiles de moda, vendia roupas em lojas de departamentos e saía em jornais como o The New York Times. Em pleno auge da carreira de Zuzu, Stuart Angel entrou para o movimento comunista revolucionário Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), aos 19 anos, em 1965, onde acabou tornando-se um dos homens de confiança do ex-capitão de Exército e guerrilheiro Carlos Lamarca (1). Depois, os dois passaram a fazer parte do MR-8. Mãe e filho ficaram mais afastados ainda e, infelizmente, o futuro não lhes brindaria com a possibilidade de recuperar o tempo perdido.

O MR 8 foi uma das principais organizações armadas (assaltos a bancos, fábricas, supermercados e expropriações variadas) dos anos 60 e 70, com grande peso no movimento estudantil, tendo desencadeado um processo guerrilheiro no qual se empenharam centenas de jovens estudantes. Entre suas ações mais importantes está o seqüestro do embaixador dos EUA em 1969 (já acima citado). Num documento do Serviço de Informações do DOPS, de 14/09/71, consta que Stuart participara desse seqüestro e de assaltos, tendo sua prisão preventiva sido decretada. Em maio de 1971, um telefonema anônimo fez Zuzu Angel tomar conhecimento da prisão do filho, que havia sido levado para o Centro de Informação da Aeronáutica. Oficialmente, segundo à Aeronáutica, Stuart teria sido solto e, posteriormente, dado como desaparecido.

A outra versão do caso de Stuart Angel tem origem no relato que Alex Polari de Alverga (da VPR) fez sobre o suposto assassinato do companheiro terrorista. Essa versão acabou sendo difundida, anos mais tarde, por Arnaldo Jabor, em sua coluna de 11/07/2002, intitulada "Vale a pena ver de novo a zona geral do país?", onde se lê: "(...) não vi, mas muitos viram meu amigo Stuart Angel morrendo com a boca no cano de descarga de um jipe, dentro de um quartel, na frente dos pelotões". De lá para cá, só um, o Alex Polari de Alverga, viu e apareceu, ficando os "muitos viram" por conta do Jabor. Minto. Apareceu uma outra: o capitão Sérgio Miranda de Carvalho (2) - o "Sérgio Macaco". Porém anos mais tarde, ele confessou, em manuscrito, que forjou as fantásticas histórias da tortura de Stuart Angel Jones, da explosão de um gasômetro, que aconteceria por ordem do Brigadeiro João Paulo Burnier e da venda da Amazônia a um general norte-americano. Alex Polari de Alverga (3) tinha sido preso na véspera da prisão de Stuart. Ele disse que levou a polícia onde iria encontrar-se com o companheiro, mas que havia trocado o horário: o encontro seria às dez horas e ele disse que seria as oito. Mas, Stuart, por acaso, naquele dia, chegou antes da hora marcada para o tal encontro e acabou sendo preso. Guerrilheiro experiente, Alex talvez devesse ter trocado o horário para algumas horas mais tarde, já que assim Stuart poderia ter tido a chance de perceber que algo saíra errado e ter escapado de ser preso. Algum tempo depois, foi o Alex que, através de uma carta, informou a Zuzu Angel sobre as circunstâncias da morte de Stuart. Nessa carta, ele disse que estava presente quando Stuart foi arrastado por um jipe, pelo pátio interno da Base Aérea do Galeão, com a boca no cano de descarga do veículo: " Na mesma noite fui torturado ao lado de Stuart, na base aérea do Galeão. Stuart foi arrastado de um lado para o outro, seu corpo esfolado, amarrado a um jipe (...) ele forçado a aspirar os gases tóxicos do veículo, o cano de descarga enfiado na boca ". Alex Também ouviu os gritos de Stuart – numa cela ao lado – pedindo água e dizendo que ia morrer e, pouco depois, seu corpo (supostamente morto) foi retirado da cela (4).

Segundo
É preciso que fique claro que, pelo menos para mim, não se pode julgar a atitude que tomaram os responsáveis pela Rede Globo quanto à decisão de divulgar o conteúdo do DVD enviado pelos seqüestradores para assegurar que o repórter da "casa" fosse libertado. Policiais experientes costumam dizer que não convém negociar com seqüestradores sem a orientação da polícia e sem oferecer dificuldades aos criminosos para obterem o que desejam. Mas, quem é que vai aplacar a culpa de quem não obedeceu aos seqüestradores se algo de ruim acontecer com um refém? Afinal, um dos trunfos dos criminosos é não ter nenhum problema em relação à covardia dos próprios atos e muito menos em relação à culpa.

Bem, dito isto (e que nenhum dos apontamentos (1), (2), (3) e (4) deixem de ser lidos), não é preciso ser nenhum gênio para perceber a nítida semelhança entre as práticas terroristas do passado e as que hoje vêm sendo praticadas no Estado de São Paulo por esse aglomerado de agentes, ainda pouco decifrado, sob o nome de PCC (Primeiro Comando da Capital). A posição da Rede Globo é que fica um tanto quanto, digamos, "dicotômica", já que a emissora tem sido, há mais de 20 anos, ininterrupta e insistentemente, o maior dos veículos de propaganda de esquerda do país, achincalhando militares que lutaram e derrotaram os terroristas, em todas as tentativas passadas que fizeram de tomar o poder no Brasil, e endeusando ladrões terroristas, ao omitir os crimes que cometeram no passado e ao mentir deliberadamente sobre os motivos pelos quais cometiam estes crimes (que eram os de transformar o país numa ditadura comunista e não de lutar pela liberdade e pela democracia, como costuma-se propagandear pelas telinhas e telonas Brasil afora).

Outro dia mesmo o atual (des)governo brasileiro concedeu asilo político a um terrorista das Farc, o falso padre Olivério Medina. E qual foi a reação do jornalismo da Globo? Noticiou o fato como se estivesse da próxima frente fria que se aproxima do litoral nordestino. E sobre o Foro de São Paulo, presidido pelo nosso excelentíssimo senhor presidente da república? Silêncio absoluto. Sobre os crimes hediondos do ditador Fidel Castro: nada, nenhuma palavra – aliás referem-se ao homem como presidente de Cuba. Os ataques e atentados do "PCC" em São Paulo? Reafirmando sempre a certeza que a emissora tem da total e completa "imbecilidade" dos telespectadores, continua a Globo insistindo nas reportagens que falam que "as operações" são comandadas de dentro dos presídios.

Ora, pelo amor de Deus! Não há limites para uma emissora com o dinheiro, o potencial tecnológico e os profissionais que a Globo possui, para investigar e contar a verdade sobre o que quer que seja, a não ser a ideologia que pretenda defender ou a ganância pela qual se permita seduzir. Mas, há um outro limite também: o do caráter e o da fidelidade daqueles em que se pensa poder contar e confiar pelos serviços que a eles se tem prestado. A lição insofismável da história é antiga, pública e notória: não se pode confiar em terroristas, porque eles sempre agem em nome da causa; e isto está acima de todo e qualquer limite.

Nas atuais circunstâncias do Brasil, e até do mundo mesmo, o óbvio nunca é aquilo que se quer parecer que seja. Nada mais é impossível e o maquiavelismo atingiu as raias do absurdo inimaginável. Portanto, em princípio, fala-se daquilo que parece ser ou daquilo que se supõe ser razoável dentro dos limites de uma "podridão" humana, até certo ponto compreensível, ainda que inaceitável. O que vem depois disso, a gente tem que deixar para aventar por último: primeiro, para não dar idéias a ninguém; depois, para fingir que jamais se poderia ter imaginado algo tão terrível.

Bem o filme sobre a vida de Zuzu Angel está em cartaz, endeusando os heróis da guerrilha e do terrorismo – usando, para isso, a dor infinita de uma mãe que perde um filho. No mundo real, um crime gravíssimo – seqüestro com objetivos políticos – atentando contra a vida de dois profissionais da maior emissora de Tv do país, para exigir "espaço na mídia em nome da causa". A Globo cedeu e está aberto um precedente extremamente perigoso. Talvez esteja na hora da emissora começar a repensar seriamente sobre os rumos que tem dado a seus trabalhos.

Christina Fontenelle
16/08/2006

(1) Para se ter uma vaga idéia de quem era Lamarca. Em meados de abril de 1970, sentindo-se seguro, Lamarca convocou uma reunião ampliada do CN/VPR, numa casa, em Peruíbe, cidade do litoral paulista. Na noite de 18 de abril, já alertado sobre as prisões de companheiros que não teriam comparecido à reunião, Lamarca decidiu evacuar a área. Dois dias depois, chegaram as primeiras tropas da Polícia Militar (Operação Registro) e cercaram a área. Depois de mais de duas semanas, ainda cercados, Lamarca e mais 6 militantes emboscaram cerca de 20 homens da Polícia Militar de São Paulo, chefiados pelo Tenente Alberto Mendes Júnior. O Tenente, então, decidiu entregar-se como refém, para que seus subordinados, feridos, pudessem receber auxílio médico. Na noite seguinte, 2 guerrilheiros haviam acabaram extraviado-se do grupo. Sem saber disso e não tendo os dois reaparecido, depois de andarem um dia e meio, Lamarca acusou o Ten Mendes de tê-los traído e de ter causado a morte dos dois companheiros. Um "tribunal revolucionário", condenou o Tenente à morte. Um dos terroristas, Yoshitane Fujimore, com a coronha do fuzil, desferiu violentos golpes na cabeça do Tenente que, caído e com a base do crânio partida, gemia e se contorcia de dor. Outro terrorista, Diógenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe mais golpes na cabeça, esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequena vala e com seus coturnos ao lado da cabeça ensangüentada, o Ten Mendes foi enterrado. Lamarca responsabilizou-se pelo assassinato. Em 08 de setembro, o terrorista Ariston Oliveira Lucena foi preso e apontou o local onde o Tenente Mendes estava enterrado, relatando o ocorrido. As fotografias tiradas atestaram o horrendo crime cometido. A mãe do Tenente entrou em estado de choque e ficou paralítica por quase três anos. Quando o crime foi descoberto e divulgado, a VPR emitiu o seguinte comunicado "Ao Povo Brasileiro": "A sentença de morte de um Tribunal Revolucionário deve ser cumprida por fuzilamento. No entanto, nos encontrávamos próximos ao inimigo, dentro de um cerco que pôde ser executado em virtude da existência de muitas estradas na região. O Tenente Mendes foi condenado e morreu a coronhadas de fuzil, e assim o foi, sendo depois enterrado." Nem a mãe e nem nenhum parente do Tenente Mendes receberam um centavo sequer do governo brasileiro pelo seu assassinato. Porém, os descendentes de Carlos Lamarca, bem como de muitos outros terroristas receberam e continuam a receber "gordas" indenizações do Estado pelos serviços que prestaram à nação.


EFEITO BUMERANGUE

(2) Sérgio Miranda filiou-se ao PC do B (Partido Comunista do Brasil), em 1985. Foi léder desse partido em 1989-1992, 1996-1997 e 2000. Foi eleito Deputado Federal para a legislatura 1991-1995. Em 2000, filou-se ao PDT e está atualmente cumprindo seu quarto mandato como deputado. Fez bem ao ex-capitão ter saído das FFAA.


(3) Alex Polari de Alverga ajudou a planejar e a executar o seqüestro do embaixador alemão , de 61 anos, Ehrenfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben. Na operação, duas pessoas ficaram feridas e o motorista do embaixador, que era um agente da Polícia Federal, foi morto a sangue frio por um dos seqüestradores - Irlando de Souza Régis estava a um ano de sua aposentadoria e, naquele dia, sua companheira estava internada em um hospital, por ter extraído um rim. É na palavra de gente como Alex Polari – um terrorista e um delator - que a esquerda se fia para reconstruir a história do Brasil.


(4) Não sei quanto aos questionamentos feitos sobre o que estava escrito nesta carta, mas, quem já teve a infeliz "oportunidade" de encostar uma perna num cano de descarga de um carro ligado (ou recém desligado) sabe que a queimadura é forte e imediata, de modo que "abocanhar" um cano de descarga de um carro ligado causaria queimaduras tão intensas que a inutilizariam até mesmo para balbuciar qualquer coisa, quanto mais para gritar frases inteligíveis. Outra coisa: uma pessoa arrastada com a boca presa num cano de descarga de um carro em movimento morre precisaria estar com a cabeça bem amarrada para este fim - não tem como sobreviver, tanto por causa da dor como por causa da asfixia. Depois disso, ainda ficar numa cela gritando é totalmente inverossímil. São apenas cogitações que talvez possam ser esclarecidas por pessoas especializadas ou mais bem informadas sobre o assunto.


14 comments:

Anonymous said...

Excelente!!

Anonymous said...

Lembremos que o contexto era outro!

Xavier said...

O contexto era outro em parte. O paralelo que a Christina Fontenelle faz aqui é que atos terroristas e movimentos organizadamente terroristas são sempre em nome de uma causa, exatamente igual aos personagens de 68. Por que é que gente como Mariguella e Lamarca são considerados hoje como heróis? Eles nunca lutaram por uma redemocratização do país e restauração dos direitos individuais; eles lutavam para impôr um regime totalitário baseado nos modelos de Cuba, China e U.R.S.S. E faziam tudo "em nome de uma causa". Assim é com o PCC. E estão treinando guerrilheiros em Cuba.

Anonymous said...

vcs sao doidos!!! sera q vc nao conhecem a historia do Brasil???

Anonymous said...

Acho muito interessante sua balança da justiça e suas medidas para defender o que pensa. Só gostaria de entender porque Christina tem tanto "horror" aos atos terroristas, mas, pelo que entendi acha justo o "terror militar" imposto neste país por muitos anos... Será que ela vive numa bolha, onde só a verdade e justiça que lhe interessa cabem? Qual é o valor da vida? Depende de que vida? As pessoas torturadas e mortas e desaparecidas em toda a América Latina, em ditaduras, militares ou não, existiram! É fato! A dor dos familiares também!!! Acho interessante vc. falar em "usar" a dor de uma mãe para defender os "terroristas comunistas", pq. vc. também não comenta a prisão daquela ilha em Cuba, onde supostos "terroristas" estão presos. Será que eles estão tomando Coca-Cola e vendo filmes Holywodianos como tortura???? Ou pra eles, tudo pode acontecer, afinal são terroristas. E as torturas ocorridas no Brasil, será que foram invenção de imaginações férteis? Ou será que vcs. estão fazendo uma pesquisa pra medir a indignação alheia quando lê tais abobrinhas? A própósito, estive no seu blog e percebi que não há comentários lá! também percebi que há uma mensagem de "censura" aos comentários. Por que será, hein? Muito cuidado com seus ideais democráticos moça. A ditadura da democracia também existe, também é real, principalmente em mentes como a de vocês que se legitimam em nome se suas verdades. Assim nasceu o totalitarismo, e toda moeda tem duas faces, todo yng tem seu yang. Equilíbrio é importante pra se falar de política, e parece que vcs. não têm!

Anonymous said...

Acho que a Christina Fontenelle absorveu com louvor aquela estorinha de que comunista come criancinha...
(Patricia)

Anonymous said...

Adorei essa Chistina, porém não a conheço (desculpe a minha ignorância). Adorei o seu artigo e vejo alguns comentários com a visão destorcida. Pelo que entendi, ela não defende o terror militar. Ao contrário, ela condena o terror de todas as maneiras. Ela defende sim a dualidade de teses (quem pode afirmar que a versão de apenas um guerrilheiro, parcial a causa, seja verdadeiro?)Ela defende a tese de que os insurgentes brasileiros também foram extremamente cruéis e sádicos na causa de defendiam. E a causa comunista nos levaria a um regime como o cubano ou coréia do norte. Realmente regimes que não gostaríamos de ter assim. Os militares (mesmos que perversos) devolveram o poder aos civis e a democracia. E o Sr. Fidel? E o Sr. Kim Il? O primeiro tomou a força e tá até hoje (moribundo)mandando cruelmente o seu povo sofrido. E o Sr. Kim, herdou do tirano pai e continua com a sua tirania. Será que o povo brasileiro é tão burro de não ver isso. O comunismo que se vislumbrava em 64 não era o de Thomas Morus em sua Utopia (que maravilha se fosse assim). Não era nem o comunismo e sim o socialismo violento e tirano. Isso sim que se esperava. Vamos ser sincero, eles (os guerrilheiros brasileiros) foram extremamente cruéis e sanguinários e são hoje, indenizados com impostos altíssimos pagos por nós, pobres trabalhadores brasileiros. Parabéns por suas colocações Christina Fontenelle.
Abraços

Xavier said...

Exatamente. Você entendeu.
Há gente aqui que parece que não entendeu absolutamente nada do que a Cristina escreveu. Os terroristas genocidas da época do regime militar hoje são tratados com heróis, coisa que nunca foram. Nunca lutaram pela democarcia neste país, é um erro brutal acreditar que essas pessoas tiveram algum interesse em redemocratizar o Brasil. Parece que para muito aqui falta um estudo sério sobre história brasileira, e não os mitos e as lendas que dizem por aí. Ou se justifica as atitudes assassinas e perversas do velho desmiolado Fidel para com seu povo? Fidel, para quem não sabe, é uma das maiores fortunas do mundo, e condena o país a uma miséria desconcertante. Outro mito é achar que Cuba possui um sistema de saúde e ensino exemplares e que não falta nada ao povo. Outro absurdo. Já foi perto disso, mas depois da falência da URSS, principal parceiro econômico, toda economia de Cuba foi pro ralo. Recomendo uma visita ao país fora do equema de turistas.
Os esquerdistas, principalmente os românticos, são reativos de natureza. Como alguns aqui comentando. A emoção impede-os de ler as coisas com menos imparcialidade, não são capazes de enxergar os fatos, apenas a visão distorcida que eles querem ter.

Anonymous said...

Minha crítica - ainda que tardia uma vez que apenas hoje (24/09/2007) assistí ao filme Zuzu - é contra o parágrafo abaixo: "...Bem o filme sobre a vida de Zuzu Angel está em cartaz, endeusando os heróis da guerrilha e do terrorismo – usando, para isso, a dor infinita de uma mãe que perde um filho..."

Discordo dele totalmente. EM NENHUM MOMENTO foram endeusados os terroristas e assemelhados, mas apenas valorizou-se a busca desesperada de uma mãe - que obviamente não iria delatá-lo - pelo filho desaparecido. Ainda que romanceada e por momentos até inverossímil, apenas o desespero da Zuzu tem relevância dramática, o resto é de somenos importância.

Os próprios militares foram pintados em tons desbotados, sem maniqueísmo exagerado.

Finalizando, defendo sistematicamente - em todas as minhas contribuições à imprensa tanto de esquerda quanto de direita - que anistía é via de mão-dupla, abrange os dois lados.

Anonymous said...

Moça que escreveu o artigo, se esqueceu de comentar sobre o desapareciemnto do corpo do Stuart. Fialmente, onde foi parar o corpo do Stuart Angel? Quem o matou? foi o exército, a marinha? Ela falou, falou e não definiu o texto, dando alguma pista sobre o asassinato do Stuart.

EDGAR

Unknown said...

filme é totalmente despretencioso em relação à situação política vivida na época. O desejo, creio eu, foi apenas retratar o desespero de uma mãe em busca so paradeiro de seu filho, seja vivo, seja morto e o fato de que ela , como mãe, tinha o direito a isso! O stuart em nenhum momento foi pintado como santo , ao contrário, foi visto no filme pegando em armas e cometendo crimes. Mas o mais importante, Zuzu tinha o direito ( seu direito) de procurar seu filho, de ter informações sobre o que havia ocorrido com ele e de enterrar seu corpo. Só isso. O cenário.poderia ter sido na revolução francesa........não importa .o tema principal foi a Zuzu...como mãe, como cidadã.....se a intenção fosse discutir o cenário político, a luta armada e etc, o filme teria sido feito de maneira diferente.
No entanto, o ponto de vista da Christina é muito válido, mas para outro filme, não este, que não teve essa pretensão.

Unknown said...

Belas palavras, parcos resultados. Como jornalista, atente-se aos fatos e não colocar descaradamente sua opção ideológica. Querer justificar atos totalitários, truculentos, sob forma de prender e acabar com supostos terroristas, ainda que o fossem, equivale hoje a defesa da pena de morte. A analogia foi feita. Não há heróis ou vítimas, basta ver que não foram somente "terrotistas" que sofreram o horror da morte e tortura. O regime de exceção fez com que surgissem os "procurados". Não foram conforme colocado, todos que optavam por esse lado, o próprio Vladimir Palmeira, trocado no sequestro do Sr. Elbrick era contra. Para finalizar, o governo militar no alto da sua sabedoria, colocou "bandidos comuns", com presos políticos e terroristas em Ilha Grande. Quem eram os mais perigosos à sociedade? Além de roubo a bancos, tráfico de drogas, tinham conotação política para estas pessoas, claro que não! Agora eles mesmo criaram o monstro e dizer que ambos têm o mesmo perfil?? Se formos por esse lado o crime de morte, não teria uma série de atenuantes no CPP. Um abraço a todos.

Anonymous said...

Como bem está escrito ali em cima: o contexto era outro.

Naquela época, a única maneira de se colocar contra a ditadura militar era entrando para uma dessas organizações comunistas. Por isso elas merecem crédito, apesar de terem agido muitas vezes com a mesma violência dos policiais dos Doi-Codi. Mas não tenha dúvidas que a violência do Estado nem se compara àquela praticada pelos terroristas de esquerda, pois os militares estavam livres para agirem.

Paturi said...

seria a mesma coisa se daqui a 21 anos olharmos para trás e defendessemos o PCC, com o argumento de que eles só estavam lutando pelos seus direitos de terem celas melhores e quanto as penas