Resistência Armada à Ditadura Militar
por Carlos I.S. Azambuja em 20 de setembro de 2006
Quem é Antonio Soares de Lima Filho? Apenas mais um assassino comunista cujos crimes permaneceram impunes e esquecidos, e que se aproveita disso para posar de vítima.
O INIMIGO DE CLASSE - “Não é, de fato, somente quando um comunista se torna agente do ‘inimigo de classe’ que seus camaradas decidem expulsá-lo ou até mesmo executá-lo. É também quando ele se torna agente de si mesmo, ator e não mais somente instrumento da razão-do-partido, do espírito-do-partido. É quando ele decide tornar-se o indivíduo singular, um ser bastante louco, bastante irresponsável por querer marcar a história do movimento comunista com sua iniciativa pessoal. Mas ele só marcará essa história com o exemplo de sua punição exemplar, com a iniciativa da aceitação, abjeta e ao mesmo tempo gloriosa, dessa punição, em benefício da honra histórica da revolução”.
(Jorge Semprun, membro do Comitê Central do Partido Comunista Espanhol; esteve preso no campo de concentração de Buchenwald, expulso do partido em 1964 por ter ousado pensar com a própria cabeça; livro A Montanha Branca, editora Nova Fronteira, 1987).
Em 12 de setembro de 2006 recebi, pela Internet, um convite para assistir a um debate sobre o tema “A Criminalização dos Movimentos Sociais”, a ser realizado dia 13 de setembro, às 17 horas, no auditório do Sintrasef (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal), na av Treze de Maio nº 13/10º andar, Rio de Janeiro. Segundo o gentil convite, os debatedores seriam: “Bruno Maranhão (MLST), Evandro Tavares (Pastoral Social), Denise Maia (MLB) e Antonio Lucio (membro da Resistência Armada à Ditadura Militar).
Fui pesquisar e encontrei: Bruno Maranhão é Bruno Costa de Albuquerque Maranhão, um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), em 1967. O PCBR atua dentro do Partido dos Trabalhadores através do nome fantasia de Tendência Brasil Socialista e edita trimestralmente a revista “Brasil Revolucionário” que se intitula uma publicação do Instituto de Estudos Políticos Mario Alves, que funciona na praça Franklin Roosevelt 695, São Paulo, SP. Bruno Costa de Albuquerque Maranhão é membro da Comissão Executiva Nacional do “novo PT”, eleita em outubro de 2005, ocupando o cargo de dirigente da Secretaria de Movimentos Populares.
Ele não é um camponês ou um agricultor. É formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Pernambuco. É filho de um usineiro e mandou seus filhos estudarem nos EUA, na época em que eram adolescentes. Durante a luta armada não correu riscos, pois passou a viver em Paris, juntamente com sua esposa, Suzana Helena de Brito Maranhão.
Em agosto de 1997, Bruno Maranhão, que não é um sem-terra, fundou um movimento de agitação no campo, ao qual deu o nome de Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). O MLST foi denominado por ele de “projeto político e social” e adotou o lema “ocupar, resistir e viver feliz”. O documento de fundação do MLST recebeu um nome significativo: “MLST – Rompendo Cercas, Construindo a Liberdade”. O MLST pode, assim, ser considerado uma extensão – ou braço armado – do PCBR na área rural. E como funciona e sobrevive o MLST? Com o dinheiro dos impostos pagos pelo povo brasileiro que é gentilmente repassado a uma entidade intitulada Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária (Anara), mantenedora do MLST. Após a invasão e depredação das dependências da Câmara dos Deputados, a Anara foi apressadamente lançada pelo governo no cadastro de inadimplentes da União (Cadin) e está impedida de receber novos recursos federais enquanto não comprovar onde gastou os R$ 2,24 milhões do último convênio com o Governo Federal.
Depois, fui pesquisar o Evandro Tavares, da Pastoral Social. O que encontrei? Que a Pastoral Social é um órgão vinculado à CNBB. Iniciou suas atividades no ano de 2000 e tem como objetivo “integrar as comunidades da paróquia, ajudar os mais humildes em suas necessidades, em caráter emergencial com cesta do amor, ministrar cursos ou conseguir junto aos órgãos públicos cursos de formação profissional para os jovens; promover eventos com a finalidade de angariar recursos, e também cursos bíblicos e momentos de oração e reflexão para melhor fortalecimento de nossa espiritualidade”. É evidente que participar de um debate eminentemente político como o realizado no auditório do Sintrasef não vai ajudar os humildes com cesta do amor e nem fortalecer a espiritualidade de ninguém.
A debatedora seguinte – Denise Maia – representa a MLB. O que é o MLB ninguém sabe. Fui pesquisar novamente e encontrei: é o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas. Ou seja, aparentemente um dos milhares movimentos sociais que pululam à nossa volta....
Mas, o que mais me intrigou foi a existência, neste ano de 2006, de uma Resistência Armada à Ditadura Militar, cujo representante apresenta-se como Antonio Lucio.
Quem é Antonio Lucio? Mais uma vez fui pesquisar e, pasmem os leitores, encontrei uma informação que poucos, muito poucos conhecem:
Antonio Lucio, o debatedor "membro da resistência armada à ditadura militar" é um dos codinomes utilizado por Antonio Soares de Lima Filho, que durante a tal "resistência armada" dos anos 60 e 70 do século passado, como militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), assassinou, com dois companheiros (“Tomás” e “Vaqueiro”), a título de "justiçamento", o também militante do PCBR Salatiel Teixeira Rolins (“Chinês”), em 22 de julho de 1973, um domingo, no Rio de Janeiro. Antonio Soares de Lima Filho utilizava, então, os codinomes de "Vila", "Help", "Ivan", "Tim" e "Lucio". O assassinato ocorreu no Leblon, um bairro do Rio de Janeiro.
No local, foi deixado um Comunicado datilografado, datado de 22 de julho, explicando os motivos pelos quais “o indivíduo Salatiel (“Chinês”), ex-militante e ex-membro do Comitê Central do PCBR”, foi justiçado pela “justiça revolucionária”.
Em uma entrevista à revista Isto É, em 5 de agosto de 1987, utilizando o codinome "Vila", disse, entre outras barbaridades, que matou “por amor à humanidade"; que o “ódio de classe é uma coisa que nos mantém com o coração quente e a cabeça fria para executar qualquer coisa”. E prossegue: “Esse não foi o único justiçamento feito pelo BR. Nós íamos acabar com o cabo Anselmo, porque sabíamos que era um traidor. Mas a DVP (Dissidência da Var-Palmares) divulgou o plano e ele fugiu. Esse continua nos devendo. Outro foi o Otavinho (delegado Otavio Gonçalves Moreira Junior, assassinado no Rio, em 25 de fevereiro de 1973, um domingo, quando saía da praia de Copacabana), fuzilado na rua República do Peru, em Copacabana, numa ação conjunta da Frente de Esquerda Revolucionária. Esse torturador sádico nós abatemos apenas com um tiro de calibre 12. Pegamos o Otavinho, mas muitos outros estão por aí, vivendo tranqüilamente. Eles são elementos que historicamente estão sempre sob a mira da revolução. Nunca serão perdoados”.
Antonio Soares de Lima Filho, nascido em João Pessoa em 29 de dezembro de 1950, residente no Leme/RJ, é professor (não se sabe de que), título de eleitor 078890810302, 5ª Zona/RJ, seção 0228. Foi filiado ao PT com o nº 1379408 e em 19 de dezembro de 2003 solicitou sua desfiliação, alegando que o PT "cooptado pelo neoliberalismo globalizado, abandonou os trabalhadores da cidade e do campo, bem como os desempregados deste sistema capitalista excludente (...). Meu gesto é o de milhares de combatentes por esse Brasil afora; o que tínhamos de melhor qualidade ideológica, cansada de servir de massa de manobra para um grupo (Articulação) prepotente e ávido de poder que vem cooptando os mais oportunistas para os estamentos da máquina administrativa (...) Hoje são ‘companheiros’ que comem no mesmo cocho de Sarney, ACM, etc (...) Na condição de ex-membro da 5ª Zonal – o qual cheguei a presidir – vi toda sorte de manobras capitaneadas pela Articulação – Dª Benedita à frente que, lambuzada com os farelos da casa grande, ascendeu aos patamares das socialites onde elas fingem que a aceitam e ela finge que acredita numa tragicômica locupletação – sempre endossada pelo grupo de Dirceu e Lula (...)”.
Finalmente, o que se esperar de um “debate” entre o Secretário-Geral do PCBR – Bruno Maranhão – e um militante desse mesmo partido, coadjuvados por dois outros “debatedores” que não sabem nem onde é o banheiro?
Finalmente, um testemunho abalizado: Jacob Gorender, que foi membro do Comitê Central do PCB e em 1967 foi um dos fundadores do PCBR, participando também de sua direção, escreveu em seu livro “Combate nas Trevas” que os assassinos de Salatiel Teixeira Rolins “não poderiam intitular-se militantes do PCBR, pois nessa época – 1973 – o PCBR não mais existia”!
Quem descreve com exatidão a história dos “justiçados” por seus próprios companheiros, desde 1936, quando Luiz Carlos Prestes mandou matar Elvira Cupelo Colônio, amante do então Secretário-Geral do PCB, até aos justiçados na Guerrilha do Araguaia, em 1973, é o general Agnaldo Del Nero Augusto, nas páginas 51 a 54 do seu livro “A Grande Mentira”. Muitos “justiçadores” estão aí, exercendo funções públicas, nomeados para cargos em comissão e até sendo indenizados pelos atos criminosos que praticaram.
Uma observação final:
Esse assassino NUNCA foi preso e NUNCA pagou pelo seu crime! É um dos anistiados pela “ditadura militar fascista”.
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