Thursday, July 04, 2013

Ser Anti-Rede Globo dá ibope

Pois é, ávidos leitores deste blog: voltei. E volto, como sempre, pelo completo exercício da idiotice de tentar levar um pouco de inteligência e luz aos perdidos, mas estou quase convencido de que essa é uma tarefa impossível de realizar. Ainda assim volto a escrever.

Neste ir e vir da chuva de posts do universo facebookiano - deveria se chamar FAKEbook, pois é um universo de maravilhas, palavras bonitas, fotos maravilhosas e pessoas politicamente corretíssimas - me deparo não poucas vezes com os ataques furiosos, e muitas vezes sem nenhuma lógica, a nossa eterna vilã, a Rede Globo. Em princípio me lembro logo do Brizola. Ninguém mais do que ele desceu tanto a porrada na emissora. Lembro muito bem do então governador do Rio, Leonel Brizola, no programa Jô Soares Onze e Meia, no SBT, quando ele disse que a Globo tinha o poder de derrubar qualquer um do poder, bastaria ela não gostar da pessoa. Jô Soares olhou para o governador e disse: "Então era para você permanecer apenas 2 semanas no governo, e não 2 mandatos, correto, Brizola?" Brizola não teve resposta.

O então governador do Rio de Janeiro, responsável pelo fortalecimento do império do tráfico nos morros do Rio como se vê atualmente, se dizia o inimigo número 01 da Globo. E a Globo também não gostava dele. Era uma briga antiga entre ele e seu desafeto, Roberto Marinho. Mas Brizola era o "cara" na época. A figura pública principal mais cotada para ser o novo presidente da república nas primeiras eleições diretas após o regime militar. E neste sentido, ambicioso como era, Brizola trabalhou muito bem: veio do exílio em 82 com a lei da anistia, encarou uma eleição para governador do Rio - que foi quase fraudada -, e venceu. Era o maior representante do caudilhismo e do populismo, que agora ditava as regras no Rio de Janeiro. E não, não foi a Globo quem tentou fraudar as eleições, como afirmam alguns desavisados. Foi a ProConsult. A Globo, inclusive, transmitiu em rede nacional a notícia da fraude e parabenizou Leonel Brizola.

Durante seu governo, ao lado de seu vice, o falecido professor Darcy Ribeiro, Brizola começou um império de poder: juntou no PDT os melhores, os mais populistas, os mais articulados, os mais ambiciosos e formou uma verdadeira máfia pedetista. Elegeu prefeitos, deputados, senadores. Seu principal projeto - idealizado por Darcy Ribeiro -, os CIEPS, o renderam muitos e muitos votos e foram seu trunfo para lançamento de sua candidatura a presidência.

Nos discursos inflamados de Brizola, sem dúvida alguma um homem inteligente e manipulador, a fúria contra a Globo estava em 9 de 10 frases pronunciadas. E foi assim até o fim de seus dias. A ira contra a Rede Globo, no caso de Brizola, foi a grande desculpa para os desmandos gerais de seus 2 des-governos. Muita gente demorou a perceber - alguns estão até hoje em catalepsia - que enquanto a Globo era "culpada" de tudo, Brizola fomentava o caos social intencionalmente, para depois culpar a emissora mais uma vez. Este é um fenômeno muito comum em governos diatoriais-populistas, vide Chavez, Fidel e Morales: É preciso existir um inimigo externo, maior, poderoso, impiedoso e implacável, que seja uma boa razão para que a população não preste muita atenção nas incompetências, idiotices e desmandos de seus governantes. (Basta olhar para a idéia do anti-americanismo de Fidel Castro, o véio desmiolado, que é usada até hoje para fazer com que o povo cubano acredite realmente que se os EUA são o diabo, Fidel só pode ser o santo. E um santo que desponta como o oitavo governante mais rico do mundo, enquanto o povo de Cuba dorme no chão em nome da revolução.).

Brizola usava a mesma técnica tão batida e tão poderosa. Tão eficaz que até hoje seus jargões são repetidos. De herança maldita - além de políticos de péssimo escalão como Garotinho, Jorge Roberto Silveira, Marcelo Alencar, Cesar Maia, Saturnino Braga, etc - Brizola deixou para o carioca um dos mais fortes impérios do tráfico no mundo, império tal que ele mesmo ajudou a fortalecer com seu famoso decreto de que a PM jamais poderia subir no morro sem seu o aval. Isso, claro, gerou muitos e muitos votos dos moradores dos morros, que mal sabiam em que ponto chegariam. O tráfico se organizou. Se fortaleceu. E claro, apoiou Brizola. Mas Brizola não ganhou a eleição para presidente, seu maior desejo. Na final, ao disputar voto a voto com o cachaceiro do ABC, Brizola perdeu o segundo lugar na perigosa competição contra o então caçador de marajás e playboy, Fernando Collor. Em seguida elegeu-se governador novamente, mudou o discurso e passou a mostrar sua admiração por Collor publicamente, o então, segundo Brizola, "queridinho da Globo". Peraí, mas Brizola não era contra a Globo?? Pois é.

Hoje muito ainda se fala contra a Rede Globo, principalmente aqueles que se dizem da esquerda - festiva ou messiânica. Uma herança direta de Brizola. Seus ecos ainda existem. E afirmam que a Globo deveria "pensar" assim ou assado, que, na prática seria pensar como este ou aquele grupo julga certo. Mas esquecem que, apesar de todo meio de comunicação existir devido a uma concessão pública, ainda assim é uma empresa particular, com capital privado, e portanto, tem o direito constitucional de "pensar" e se posicionar ideologicamente como bem entender. Não estou aqui fazendo apologia à Globo e nem a nenhuma emissora - mesmo porque a Globo lambe os ovos do PT há anos e nada mais nojento que isso -, apenas lembrando que não existe meio de comunicação 100% isento.

 Não gosta da Globo? Simples: mude o canal, desliga a TV, mas por favor, vá encher o saco de outro com esse papo brizolístico de anti-Globo.

No comments: