Wednesday, April 07, 2010

É Carnaval no Brasil!

No Brasil o ano só começa mesmo depois do carnaval. Um
clichê. Não é verdade. O carnaval nunca termina. E o
ano nunca começa.Somos tarados por um feriado. Feriado
com samba, suor e ouriço então. É perfeito. Mas a
coisa não pára na semana de folia. O Brasil são 365
dias de carnaval nonstop.

Com o dinheiro do pagador de impostos é folia todo o
dia. O mestre-sala desfila com o que há de bom e
melhor no mundo. Aviões de luxo, vinhos caríssimos,
frota de automóveis último modelo. De fazer inveja a
família real britânica.

O samba-enredo oficial é composto pelo nosso melhor
publicitário, nas folgas de suas brigas de galo. O
povo canta a letra toda de cabeça. Nossa imprensa não
deixa ninguém esquecer um verso sequer. Nosso cinema,
teatro e música não ficam atrás. Exaltam as qualidades
desse povo selvagem, puro e dócil. Tão dócil que se
anestesia nos intermináveis dias de folia.

As alegorias são pomposas. Fome Zero, Bolsa Família,
PPPs, desarmamento civil. Embora não passem de
alegorias mesmo. Com os holofotes do desfile são
lindas. Basta um olhar um pouco mais apurado e logo se
vê que é tudo falso. Coisas feitas com material
barato. Empurradas pelo zé mané povinho. Mas empurra
feliz e contente sem se perder na letra do samba,
claro.

As fantasias e adereços são maravilhosos. Predomínio
total do vermelho, estrelas brancas para todo o lado.
Isso serve para dar harmonia ao desfile. Só desfila
quem usa a fantasia colorada.

A ala das baianas. ACM, Gil, Caetano - esse está em
todas - Sarney e outros coronéis. Pesos pesados.
Lentos, porém espertos. Não largam da máquina por
nada. Tudo é lindo na ala das baianas.

A bateria não deixa o samba atravessar na avenida.
Conduzida com maestria tucana no ninho que antes era
inimigo. Na orgia carnavalesca vale tudo. Esqueçam as
doenças infecto contagiosas, aqui nesse país ninguém é
de ninguém. Quem nasceu de um estupro não se importa
mesmo, mas a marcação é perfeita. Orgulho máximo de
nossa escola.

Mas não podemos esquecer é claro das bundas! O que
seria de um carnaval sem bundas? Afinal temos que
fazer a nossa imagem lá fora. Não temos praias,
florestas, cidades, nem ruínas ou parque temáticos que
atraiam estrangeiros. Mas temos bundas. Elas saem em
conta. Alguns trocados e o turista alemão aluga uma
para se divertir na folia como se fosse um selvagem
nativo.

Para terminar, a velha guarda. Assaltantes de bancos,
terroristas, seqüestradores e estupradores com nova
fantasia. Perseguidos políticos. Encabeçada por Cony.
É sem dúvida a ala mais feliz do desfile. Sorridentes
com o resultado de anos de lutas, digo crimes. Só
estão todos com o mesmo problema físico: LER no
polegar e no indicador de tanto contar dinheiro.

Assistindo a tudo no camarote da Brahma, a nossa
"elite". Elite que samba no pé. Vota na esquerda
porque está na moda. Detesta ler. Bebe cerveja ruim.
Veste-se mal. Tem a educação de um ogro. Formada por
jogadores de futebol e celebridades brega-televisivas.
Posa para as fotos que sairão nas colunas. E acima de
tudo aplaudem o fabuloso maior espetáculo da Terra.
Aquela que o brasileiro acha que é do tamanho do seu umbigo.

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